Agenda Teresina 2030 publica relatório final de pesquisa sobre os efeitos do calor na saúde das gestantes de Teresina; saiba como ter acesso
A Agenda Teresina 2030 publicou no site da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (Semplan), à qual é vinculada, o relatório contendo os dados consolidados da pesquisa inédita “Avaliação do impacto do calor extremo na saúde de mulheres grávidas em Teresina”, realizada em parceria com o Fundo de População da Organização das Nações Unidas (UNFPA).
Entre os dados mais expressivos, a pesquisa aferiu que 83,7% das mulheres afirmam que o calor afeta seu bem-estar de forma negativa, sendo que 66% sente desconforto frequente por conta do calor e 44% disse que enfrenta uma intensidade extremamente alta de calor.
A pesquisa contempla bases de dados primária e secundária. Foram aplicados 411 questionários diretamente com gestantes atendidas em 75 Unidades Básicas de Saúde localizadas na zona urbana da capital. Cada questionário continha 35 perguntas.
Ao todo, 89% das entrevistadas declarou que o calor impacta sua saúde física, com 82,24% afirmando que tem piorado os sintomas de cansaço ou fadiga e para 50,61% aumentou a dificuldade de respirar. Elas relataram ainda que percebem que o calor afeta seus bebês: entre as que notaram o bebê mais agitado, apresentaram como sintomas físicos o cansaço (92%) e dificuldade de respirar (63%). E, de forma espontânea, elas manifestaram os sintomas relacionados ao calor que as levaram a procurar o médico: assaduras no corpo, falta de ar, dermatite, coceira, mal-estar, dor de cabeça, insônia, confusão mental, enxaqueca, pressão baixa, sangramento no nariz e piora na ansiedade.
Ainda sobre sintomas físicos, 37% das entrevistadas apresentaram algum tipo de infecção no trato uroginegológico durante a gravidez e 75% acreditam que a condição foi agravada pelo calor.
Quando perguntadas se estavam seguindo alguma orientação médica específica para lidar com o calor, 63% respondeu que não havia recebido orientações do profissional de saúde, 25% não buscou orientações e 12% afirmou que estava seguindo as orientações. Porém, ao responderem sobre quais seriam essas orientações passadas, 90% afirmou que seria beber água e 15% tomar mais banhos. No total, 68% avaliam que bebem pelo menos 2,5 litros de água diariamente. Além disso, 91% das mulheres nunca conversaram com um profissional de saúde sobre o impacto do calor na gestação.
O questionário também avaliou o impacto emocional do calor nas gestantes. Do total de entrevistadas, 61% afirmou que sente de forma significativa esse impacto.
Perfil geral
84% das mulheres são pardas e pretas, com média de idade de 27 anos, 60% se locomovem a pé para as consultas e 53% se locomovem a pé no dia a dia.
Entre as que estão no grupo de 15% que declararam ter problema de saúde antes da gravidez, 34% apontaram a hipertensão, 18% a diabetes e 18% a anemia.
Para amenizar o calor
Sobre as medidas que adotam contra o calor extremo, 81% delas disseram que buscam um local fresco, 20% ficam no quarto com ar-condicionado e 20% ficam no quintal ou áreas cobertas da casa. Por outro lado, 70% afirmam que não frequentam parques ou praças, sendo que 34% afirmam que não gostam desses ambientes, 20% não tem acesso e 18% não se sentem seguras em parques e praças.
79% usam roupas específicas para lidar com o calor, como vestidos e shorts. 69% não consideram suas residências adaptadas ao calor extremo.
Falta informação
Do total de entrevistadas, 84% sentem que não tem acesso adequado a informações e recursos sobre como gerenciar o calor durante a gravidez e 15% disseram que tem acesso. Destas, 59% se informam pelas redes sociais e internet e 30% nas UBSs.
Calor e preocupação
As gestantes relataram de forma espontânea preocupações sobre o impacto do calor na sua saúde: piorar a falta de ar e evoluir para algo mais grave, gatilho de ansiedade, insolação, ter um AVC, medo de eclâmpsia, passar mal, desmaio, medo do parto prematuro, infarto, tontura, agravar o emocional, pensamentos agoniantes, medo da depressão subir muito e colocar a vida dela e do filho em risco.
Caráter inédito
Teresina é uma das poucas cidades do planeta a pesquisar cientificamente, com equipes em campo, como o calor extremo tem afetado sua população de mulheres gestantes. Ao propor o tema “O impacto do calor extremo e altas temperaturas no desenvolvimento da gravidez em mulheres de Teresina” no desafio “Climate Change XX: Women’s Health in Focus” do Fundo de Populações das Nações Unidas, a Agenda Teresina 2030 foi uma das seis selecionadas no mundo e premiada com recurso que financiou a realização desta pesquisa.
Acesse aqui o relatório
https://semplan.pmt.pi.gov.br/wp-content/uploads/sites/39/2025/05/RelatA%CC%83%C2%B3rio-Final-Maio-2025_UNFPA.pdf