Sempi leva capacitação a mulheres quilombolas no Piauí através do projeto “Fios da Ancestralidade” – pi.gov
A Secretaria de Estado das Mulheres (Sempi), em parceria com o Instituto Ayabas, lança o projeto “Fios da Ancestralidade”, uma iniciativa financiada pela Sempi que visa capacitar mulheres quilombolas, promovendo o empreendedorismo feminino e valorizando a cultura negra no estado do Piauí.
A secretária das Mulheres, Zenaide Lustosa, destaca a importância do projeto: “Estamos desenvolvendo o projeto Fios da Ancestralidade, que está dentro do Programa Elas Empreendem. Ele visa empoderar o conhecimento e as habilidades que fortalecem a cultura negra, permitindo a qualificação e garantindo renda e autonomia. Então, nós vamos estar em Amarante e em Esperantina ainda neste mês de maio, fortalecendo o projeto e já trabalhando a organização das mulheres para que possam focar na qualificação e na valorização.”
Esta etapa do projeto é dedicada à sensibilização e ao diálogo com as comunidades que serão beneficiadas. A professora Haldaci Regina, do Instituto Ayabas, explicou o diferencial da iniciativa: “É um projeto muito importante, porque vai trabalhar com a questão do afroempreendedorismo, mas também da cidadania e dos direitos humanos. Ele ajuda as mulheres a entender que o empreendedorismo das mulheres pretas está relacionado às suas histórias e vivências. Foram escolhidas oficinas que têm a ver com a identidade negra, como trança, turbante, maquiagem e terapia capilar, para fazer as tranças e cuidar delas.”
A iniciativa busca não apenas oferecer capacitação profissional, mas também fortalecer a identidade cultural e promover a autonomia financeira das mulheres quilombolas, integrando-as ao roteiro histórico-cultural dos municípios e gerando renda para as comunidades. “Esse é o diferencial do Fio da Ancestralidade. Não é apenas aprender para empreender, mas também para compreender e valorizar a história e a cultura negra. É sobre repassar esse conhecimento como parte da valorização do trabalho e da identidade das mulheres pretas”, reforça Haldaci.
Dados recentes ressaltam a importância de ações como essa. Segundo pesquisa realizada pela Opinium Research a pedido da Mastercard, 80% das mulheres brasileiras já consideraram abrir ou administrar seu próprio negócio, mas 53% ainda não conseguiram dar o primeiro passo, sendo a falta de financiamento a principal barreira, apontada por 37% das entrevistadas .
Além disso, estudo do Sebrae revela que o Brasil conta com 10,4 milhões de mulheres empreendedoras, representando um crescimento de aproximadamente 42% entre 2012 e 2024. Apesar disso, as empreendedoras ainda enfrentam desafios como a desigualdade de renda e a necessidade de conciliação entre vida profissional e pessoal
A Sempi reforça o convite a todas as mulheres quilombolas das comunidades de Amarante e Esperantina para participarem do projeto “Fios da Ancestralidade”, uma oportunidade de capacitação, empoderamento e valorização da cultura negra.
O projeto será realizado nas seguintes comunidades:
Amarante: Comunidade Caldeirão, no dia 29 de maio, às 10h.
Esperantina: Veredas dos Anacletos, no dia 30 de maio, às 10h30.
SOBRE O INSTITUTO AYABÁS
O Instituto Ayabas nasceu no dia 6 de setembro de 2009, da inquietação de cinco mulheres negras que sentiram a necessidade de criar um espaço para discutir questões de gênero, raça e as diversas violações de direitos sofridas pelas mulheres negras. O que começou como um pequeno grupo cresceu e, hoje, o Ayabas conta com cerca de 25 mulheres filiadas, provenientes de diferentes áreas sociais, como acadêmicas, funcionárias públicas, professoras, jovens e adeptas de religiões de matriz africana.
O Instituto tem como principais objetivos a defesa da democratização e reforma do Estado, trabalhando pelo desenvolvimento e consolidação do exercício democrático na gestão das políticas públicas voltadas à população negra, especialmente às mulheres negras. Além disso, busca promover o desenvolvimento sustentável como base para a melhoria da qualidade de vida, aliando a preservação do meio ambiente às suas ações. Outro foco importante é o fortalecimento do empreendedorismo, incentivando novos modelos socioprodutivos e sistemas alternativos de geração de renda para garantir a autonomia econômica das mulheres negras.
Ao longo dos anos, o Instituto Ayabas consolidou-se como um espaço essencial para o fortalecimento da luta por direitos e pela valorização da identidade e cultura negras. Suas ações buscam impactar diretamente a sociedade, promovendo igualdade racial e de gênero e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Mais do que uma organização, o Ayabas é um movimento de transformação, resistência e empoderamento que, desde 2009, tem promovido a igualdade e transformado histórias.