Encontro com palestras e oficinas marca segundo dia da Feira da Agricultura Familiar – pi.gov
A II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí segue com programação de palestras e oficinas. Este é o segundo dia do encontro, que aborda o Semiárido do Piauí e homenageia “Luiz Eduvirgem”. Além das diversas palestras e oficinas, a programação conta com a participação de movimentos sociais na manhã e tarde desta sexta (24) e sábado (25).
A secretária da Agricultura Familiar do Piauí, Rejane Tavares, destaca que, neste segundo dia, o foco será voltado aos povos do semiárido, sobre vivências no território, e ressalta a força da atividade. “Hoje temos o Encontro dos Povos Tradicionais, com foco em povos do semiárido. Além disso, teremos muitas palestras sobre convivência com o semiárido, mudanças climáticas, agroecologia e debates sobre cooperativas da agricultura. Na feira, teremos muita música e a nossa praça de alimentação estará funcionando com toda a sua grandeza, mostrando a diversidade da agricultura familiar e com a presença de todos os movimentos sociais”, disse.
A Articulação em Rede Piauiense de Agroecologia (Arrepia) é um dos movimentos sociais que marcaram presença no segundo dia. Adalberto Pereira, coordenador do coletivo, afirma que o evento é um importante espaço de integração e reconhecimento da cadeia produtiva.
“Esse é um momento muito importante, não só para comercializar, mas também para integração, cooperação, encontro de amigos, troca de ideias, e debates. O evento tem esse cunho cultural, popular e libertador. É um espaço em que reconhecemos a importância da cadeia produtiva e a agroecologia. A rede é um movimento que envolve desde o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), trabalhadores rurais e comunidade urbana, que têm, cada vez mais, preocupação com o destino e a qualidade dos alimentos. A feira tem esse papel de despertar, nas zonas urbanas, a importância da produção saudável e a urgência de mudança na matriz produtiva agropecuária”, disse.
A indígena Mercês Alves, da comunidade Akroá-Gamella, está participando da feira e ressalta a importância de espaços como esse para os agricultores que levam os produtos e tiram a renda para o sustento próprio. “É um espaço importante, porque traz representatividade para nós, mulheres, agricultores e artesãos. Nós trouxemos feijão, tamarindo, castanha de caju, entre outros. Também trabalhamos com o artesanato de pneus, que é uma forma de reciclar e ao mesmo tempo ajudar o meio ambiente. Trazer nossos produtos nos incentiva a produzir cada vez mais e voltar com mais ânimo, principalmente quando encontramos essa quantidade de agricultores e público consumidor. Isso reforça nossa economia e nossa identidade”, afirmou.
A feira reúne cerca de 230 agricultores. O agricultor Sérgio Alves, da comunidade Lagoa do Martins, no município de Gilbués, relata a troca de conhecimento e experiências ao participar, pela primeira vez, da Feira da Agricultura Familiar. “Levamos aprendizado, conhecimento e agradecemos pelo espaço. Esperamos levar um bom resultado. Viemos vender pimentão, banana, farinha, arroz, gergelim, açafrão, entre outros, tudo produzido à base da agricultura familiar. Para nós, é uma experiência, tanto para levar conhecimento, como para incentivar mais pessoas a trabalharem. Sem agricultura familiar, seria impossível sobreviver”, disse.
Encontro faz homenagem a Luiz Eduvirgem
O grande homenageado do evento é Luiz Eduvirgem. Luiz José Ribamar Osório, conhecido como Luiz Eduvirgem, nasceu em 16 de novembro de 1929, na localidade Matinhos, município de Campo Maior. Filho de João Eduvirgem Lopes e de dona Inês Osório Lopes, Luiz seguiu a mesma profissão dos familiares: vaqueiro e agricultor.
Casou-se aos 22 anos de idade com Francisca Eduvirgem de Sousa Lopes. Desse casamento, nasceram 15 filhos, 25 netos e 3 bisnetos. Luiz dedicou toda a sua vida à luta pela causa do povo trabalhador e dos excluídos do país, sendo um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em 1980.
Reconhecido como um dos principais líderes dos trabalhadores rurais, Luiz Eduvirgem participou das Ligas Camponesas, uma organização dos trabalhadores da agricultura articulada com os operários da cidade. Foi fundador da União dos Camponeses do Piauí (1962–1963) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG).
Exerceu por vários anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Maior, realizando um papel importante na mobilização da classe trabalhadora. Durante o regime militar, foi preso, acusado de subversão e considerado persona non grata pelo regime golpista instalado no país.
Luiz Eduvirgem faleceu no dia 4 de dezembro de 2023, aos 94 anos de idade, após uma vida dedicada às causas sindicais. Mesmo perseguido e preso durante a ditadura, nunca desistiu da luta pelos direitos dos trabalhadores e dos excluídos. O ativista ajudou a construir a história de resistência, esperança e luta dos trabalhadores rurais do Piauí e do Brasil.
II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí
O evento iniciou nesta quinta (23) e segue até sábado (25), no Espaço Rosa dos Ventos, na UFPI, em Teresina, com o tema “Agricultura Familiar é Futuro Sustentável”. O encontro reúne mais de 230 agricultores familiares de todos os territórios do Piauí.
A II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí é uma promoção do Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do Consórcio Nordeste e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). O evento é realizado pelo projeto Piauí Sustentável e Inclusivo (PSI), financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
A feira conta ainda com o apoio da Fundação de Apoio ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (Funcern), dos Institutos Federais do Rio Grande do Norte (IFRN) e do Piauí (IFPI), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
