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Debate entre presidenciáveis na Globo marcado por trocas de acusações entre os candidatos | Maranhão Hoje – MARANHÃO Hoje- Notícias, Esportes, Jogos ao vivo e mais

Bolsonaro e Lula foram os mais enfáticos em suas denúncias

Quem esperou o último debate entre presidenciáveis na TV para definir seu candidato deve estar mais confuso agora. Realizado na noite desta quinta-feira (29), entrando pela madrugada de sexta (30), na Rede Globo, o encontro foi marcado por duras trocas de acusações, principalmente entre os dois candidatos que polarizam a disputa: Lula e Jair Bolsonaro.

No primeiro bloco, o presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou uma postura bastante agressiva ao fazer duras acusações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre atos de corrupção que teriam marcado os governos petistas. Lula também foi incisivo em seus disparos contra o adversário.

Para conter os dois, que sempre recorriam a direito de resposta e atacavam de volta, o mediador do programa, William Bonner, teve trabalho para administrar os trabalhos.

Além de Lula e Bolsonaro, também participaram do debate, Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB), todos de legendas com, pelo menos, cinco representantes no Congresso.

O tom do debate começou com Ciro Gomes, que se dirigiu a Lula para questionar por que, ao fim de 14 anos de governos do PT, a distribuição de renda no país ainda era tão desigual. O ex-presidente lembrou ao pedetista que ele havia participado da primeira gestão como ministro, e elencou conquistas sociais e econômicas dos oito anos em que esteve no comando do país, sem referir-se ao período da presidente Dilma Rousseff, quando os números da economia pioraram.

Na sequência, Padre Kelmon escolheu Bolsonaro para fazer uma pergunta sobre a manutenção do Auxílio Brasil e repetiu a “dobradinha” que havia feito no debate do SBT, quando levantava a bola para o presidente cortar.

Bolsonaro aproveitou a resposta de que o auxílio seria mantido para chamar Lula de “chefe de quadrilha” e que o PT havia patrocinado uma “roubalheira”. Por essa acusação, o ex-presidente pediu direito de resposta, que foi concedido, sob protesto do chefe do Executivo.

“Quando o senhor vier ao microfone, não minta”, disse Lula, depois de citar as denúncias de corrupção no atual governo, como as “rachadinhas” e os pedidos de propina nos ministérios da Educação e da Saúde. Bolsonaro replicou com outro pedido de resposta, também concedido, em que voltou a acusar o ex-presidente de “traidor da pátria”.

A disputa entre Lula e Bolsonaro foi retomada em temperatura ainda mais alta quando o presidente, ao dirigir a pergunta a Simone Tebet, afirmou que a vice na chapa da senadora (Mara Gabrili) insinua que Lula foi o mentor do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, o que a candidata do MDB considerou uma covardia, pois a pergunta deveria ser para o próprio acusado.

Lula pediu e ganhou mais um direito de resposta e declarou que o ex-prefeito (morto em 2002) era “o melhor gestor do país” e um de seus melhores amigos e que a acusação de Bolsonaro era outra mentira.

No segundo bloco, Felipe D’Ávila provocou Lula sobre desvios de verbas nos governos do PT. O ex-presidente questionou qual era a fonte das denúncias, e o oponente citou os desvios na Petrobras, inclusive as devoluções milionárias.

Na sequência, Bolsonaro foi questionado por Tebet sobre meio ambiente. O presidente minimizou o problema do desmatamento, das queimadas e declarou que “a falta de chuva (na Amazônia e no Pantanal) não é responsabilidade minha”. Ele defendeu seu ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e a ampliação do porte de armas para o setor rural.

Ciro respondeu sobre “educação”, sem cair nas provocações de Padre Kelmon, que reclamou das universidades públicas — “fábricas de militantes de esquerda”.Já a senadora Soraya perguntou sobre “combate ao racismo” para Padre Kelmon. “Somos todos irmãos, somos todos cristãos; raça só existe uma”, respondeu o religioso. Thronicke chamou o adversário de “padre de festa junina”.No terceiro bloco, Bolsonaro indagou D’Ávila sobre o risco que representaria ao país a volta da esquerda ao poder. Na resposta, o candidato do Novo defendeu o liberalismo econômico. O presidente, na réplica, defendeu as reduções de impostos que patrocinou em seu governo, em especial nos combustíveis, e prometeu aprovar a reforma fiscal se reeleito, em um raro momento em que não citou Lula ou o PT. “A volta da esquerda vai ser um desastre para o avanço dessa economia liberal”, disse D’Ávila na tréplica.Um dos momentos mais deprimentes foi quando Padre Kelmon indicou Lula para responder sobre “os comparsas” que foram presos por denúncias de corrupção. O ex-presidente declarou que foi absolvido em 26 processos. “Quando quiser falar de corrupção, olhe para o outro, não para mim”, rebateu o petista. O candidato do PTB retrucou dizendo que Lula é “cínico, que mente” e o chamou de “ex-condenado”.https://twitter.com/viniciuscfp82/status/1575688396085039105?s=20&t=xDDKaTnAuTDEuBXbHY82pALula reagiu, e teve o microfone cortado. “Estou vendo aqui um impostor”, disse Lula, e padre Kelmon disse que o ex-presidente é um ator.Ciro indicou Bolsonaro para falar sobre corrupção no governo dele e o caso dos imóveis comprados em dinheiro vivo. O presidente respondeu que não há corrupção em seu governo.Farpas – O último bloco do debate foi aberto com Soraya perguntando a Bolsonaro sobre denúncias que ele faz à lisura das eleições e se o presidente pretendia dar um golpe de Estado. O presidente não respondeu e acusou a senadora de ter pedido cargos no governo dele. Soraya ganhou direito de resposta depois de Bolsonaro acusá-la de ser “laranja de alguém”.A última pergunta foi feita por Lula a Ciro sobre mudanças climáticas. O ex-presidente aproveitou para criticar o estímulo do atual governo ao desmatamento da Amazônia em favor da expansão da pecuária.

Nas considerações finais, Felipe D’Ávila lamentou a “baixaria” do debate e disse que Bolsonaro ressuscitou o PT. Ciro Gomes se despediu dizendo que quer ser o candidato da “reconciliação do Brasil”.

Padre Kelmon se dirigiu “ao Brasil cristão” e disse que foi alvo de “ódio”. Soraya Thronicke destacou que tem “ficha limpa”. Tebet citou a fome e as desigualdades sociais e prometeu “governar com a alma de uma mulher”.

Lula falou do orgulho que sente por ter sido presidente e relembrou conquistas de seu governo. Bolsonaro fechou o debate repetindo o lema de sua campanha — “Deus, pátria, família e liberdade” — e listou, pela primeira vez, sua pauta de costumes contra o aborto e a “ideologia de gênero”.