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Quando o ciúme deixa de ser saudável e torna-se patológico na relação | Maranhão Hoje – MARANHÃO Hoje- Notícias, Esportes, Jogos ao vivo e mais


Com o Dia dos Namorados chegando, psicanalista enumera cinco dicas para lidar com esse sentimento 

ANDREA LADISLAU*

Ciumes é um sentimento difícil, muitas vezes, de delicado controle. Alguns até dizem que ele é o “Tempero da relação”. Mas será que é mesmo?! Se faz sofrer, se dói, como pode ser um tempero?

Bem verdade que, não se pode negar que ele é um tipo de sentimento comum e que está muito ligado ao medo de perder. Medo de perder o (a) parceiro (a) ou mesmo, um medo de perder o controle que se acredita deter sobre o outro. Motivo pelo qual, consideramos que o ciúme está muito mais relacionado a este “controle” do que ao amor propriamente dito.

Segundo a psicanalista Andrea Ladislau, o ciúme natural ou que não causa prejuízo, surge por alguma situação específica em que a pessoa se sente ameaçada, com medo de perder a pessoa amada, em caso de iminência de risco.

Para a especialista, esse ciúme é direcionado no sentido de proteger a relação. Ele surge e não permanece de forma a perturbar a vida psíquica do indivíduo. Por outro lado, no ciúme patológico, o indivíduo constrói um padrão de comportamento controlador e inseguro que se retroalimenta num dilema interior!

O ciumento desenvolve uma “síndrome de detetive”, quando a pessoa sente a necessidade de ficar monitorando e controlando totalmente os passos e sentimentos do outro em busca da comprovação de uma infidelidade. Nesse caso, existe o sofrimento, tanto para quem sente ciúmes, quanto para quem é o alvo do sentimento. É um ciúme causado por situações ou ideias irreais, fantasiosas ou até mesmo delirantes”, explica.

Para Andrea, as explicações psicológicas para o ciúme, demonstram características em que se detecta que o ciumento, com o passar do tempo, torna-se opressor e possessivo e isso pode ser originário de um possível desamparo na infância. Ou por rejeição ou por vivências agressivas ao longo da vida que geram muito medo.

E por temer o abandono mais uma vez, o ciumento distorce a realidade e se comporta ou se sente como se fosse o verdadeiro “dono” da pessoa e da relação. O ciumento também pode desenvolver comportamentos paranoicos, com ideias de perseguição permanentes, obsessivas e que podem comprometer todo o seu equilíbrio emocional. Levando-o a sentir ciúmes até mesmo do passado e das relações antigas vividas pelo outro.

“Um tipo de comportamento intimamente ligado à baixa autoestima, ao medo da perda, ao complexo de inferioridade, a insegurança, que pode evidenciar até mesmo outros sintomas de transtornos psíquicos. Esse ciúme que causa dor e desespero reflete a perda do equilíbrio emocional e a limitação da vida e das relações interpessoais do ciumento”, diz.

Como controlar esse sentimento

Andrea lembra que o ciúmes além de trazer um baita sofrimento também é responsável por doenças físicas causadas pelo mental adoecido. Portanto, faz-se necessário a orientação e cuidado tanto do ciumento, quanto de sua vítima, para que não perpetuem os ciclos. O que é muito comum.

“Se não houver tratamento e cura, o ciumento vai estar sempre em busca de pessoas para se relacionar, onde possa descarregar sua insegurança e seus medos. Enquanto o oprimido (aquele que é a vítima do sentimento) também irá repetir relações em que se sente preso”, explica.

Para mudar tudo isso, a psicanalista enumera algumas mudanças de comportamento que podem ajudar:

Para Andrea, o ciúme muitas vezes é a transferência das nossas fraquezas para o outro. Quando se deixa de viver os objetivos para viver em função do outro, ou do que ele está fazendo, com quem conversou, entre tantos movimentos exacerbados que o ciúme impõe você deixa de ter e de proporcionar ao outro, qualidade de vida.

“Portanto, psicanaliticamente falando, temos que: todo excesso reflete uma falta. Partindo deste princípio, tudo que fere, dói e gera insegurança deve ser eliminado. Além disso, é muito importante cuidar de si. Identificar a origem deste sentimento. Propor um diálogo e reflexão consigo e trabalhar o aumento do amor próprio e da autoestima”, finaliza lembrando que caso não seja possível lidar com esse sentimento sozinho é importante procurar a ajuda de um profissional de saúde mental.

“Ao se livrar do ciúme patológico, experimentamos a liberdade de não sentir preso a inseguranças. Isto é imprescindível para que se possa viver relacionamentos saudáveis e equilibrados, em que amor e controle não sejam sinônimos”, afirma.

*Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no WhatsApp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.