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Xenofobia e crise imobiliária: como fatores impactam a vida de brasileiros em Portugal – MARANHÃO Hoje

“Em algumas situações, a gente também não se sente atendido, então não se sente muito motivado a fazer esse tipo de relato, até porque parece que não vai dar em nada”, justifica.

Para tentar evitar o ódio gratuito, há quem adote estratégias como se comunicar em inglês em Portugal: “Tenho amigas que preferem fazer isso para não serem identificadas como brasileiras”, conta Luiza Cotta Pimenta, que saiu de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e está em Portugal temporariamente, por uma oportunidade de passar um período do doutorado fazendo pesquisa fora do país — etapa conhecida como doutorado sanduíche.

Crise política e econômica – Portugal atravessa uma crise habitacional sem precedentes que atinge tanto portugueses quanto imigrantes. Morar perto do trabalho no contexto atual é “um luxo”, afirma Hélio da Silva, brasileiro formado em gastronomia e residente em Portugal desde 2001.

“Já morei em vários lugares. Antes, você escolhia as casas de acordo com a distância do trabalho. Hoje, moro em uma casa própria perto de uma estação de metrô. Levo cerca de 25 minutos até meu trabalho”.

Não bastasse o momento relacionado ao mercado imobiliário, na última terça-feira, dia 7 de novembro, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, renunciou ao cargo após ser alvo de investigações por corrupção.

Com a maioria da população portuguesa “ganhando menos de 1.000 euros por mês”, a tendência é que um mal-estar se instaure e, mediante as crises, “a população imigrante sempre passe a ser alvo nessa panela de pressão”, explica Érica Sarmiento, professora associada de história da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenadora do Laboratório de Estudos de Imigração (LABIMI) e autora do livro “Migrações forçadas, resistências e perspectivas: América Central, México e Estados Unidos”.

“Quando existe um mercado de trabalho com facilidades para certas ocupações que a população local não quer fazer, facilita a entrada do imigrante. Agora, quando começa a haver carestia, crise econômica e esses trabalhos começam a ser ocupados também pela população local, ou seja, pelos portugueses, então sempre passa a haver um conflito. Aquele imigrante passa a ser um sujeito indesejável, porque, naquele momento de disputa no mercado de trabalho, ele está ocupando um espaço que deve ser do nacional”, diz Sarmiento sobre como o cenário político-econômico contribui para o aumento de casos de xenofobia.

Há pouco tempo no país europeu, Pimenta também enfrenta desafios para conseguir um lugar para morar. “Estou tendo dificuldades em encontrar um quarto pelo período de fevereiro a maio”. Atualmente ela reside em uma moradia estudantil, que tem prazos pré-determinados de saída.

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